A hepatite B mata cerca de 600 mil pessoas por ano em todo o Mundo, enquanto o número de infectados crónicos ascende aos 350 milhões. Na Europa, dos mais de 14 milhões de doentes com hepatite B apenas 12% sabem que têm a doença. Os números são da Organização Mundial da Saúde e da Associação Europeia de Doentes do Fígado, cuja presidente, Nadine Piorkowsky, lamentou ao CM a falta de atenção do poder político para este problema.

"Ninguém ao nível político demonstra interesse pelas doenças do fígado. Durante algum tempo, uma prestigiada revista alemã abordou os principais órgãos do corpo humano e não referiu o fígado", afirmou ao CM Nadine Piorkowsky, durante o congresso da Associação Europeia para o Estudo do Fígado, que juntou perto de oito mil participantes em Viena, na Áustria.

Sendo uma doença infecciosa altamente contagiosa e incurável, Nadine Piorkowsky critica o facto de muitos médicos continuarem a pensar que a hepatite B é um problema de consumo excessivo de álcool. "O fígado não tem um lóbi que faça pressão sobre os decisores políticos, e ainda se pensa que a hepatite é uma doença de alcoólicos." Acrescenta que a hepatite B tem níveis de incidência muito superiores nos países de Leste, Médio Oriente e Oriente.

A inexistência de estatística comparável entre países é outro dos obstáculos que a Associação Europeia de Doentes do Fígado tem encontrado quando se reúne com os decisores políticos. "Cada país tem o seu método de monitorização. Seria importante uniformizar essa recolha de informação, de forma a conseguirmos ter o retrato mais fiel das doenças do fígado e das respectivas fases", sublinhou Nadine Piorkowsky.

A presidente da associação europeia lamentou ainda que os doentes de hepatite não tenham figuras internacionalmente reconhecidas a alertar para a causa, tal como acontece com a sida.