Imagine um grande container. E dentro dele uma infinidade de malas. Malas com rodinhas, sem-alça, frasqueiras, pochetes, esportivas, malas coloridas, malinhas infantis, maletas, malotes e... por aí vai.

Pois é, de repente parece que o mundo está assim. Como um container carregando para lá e para cá várias e diferentes malas. E essas se espalham por toda parte.

Quem não gosta de viajar? É muito bom fazer uma viagem de vez em quando. Porém, não existe nada mais “chato” do que carregar uma mala. É difícil encontrar alguém que diga: - Puxa! Amo carregar malas! A maioria das pessoas irá dizer que elas atrapalham e incomodam. Existem as malas que são pesadas e sem-alça. Essas, sem dúvida, são as piores, porque temos que colocá-las nos braços e sair carregando por onde formos. Mas o que significa “os malas-sem-alça” no dito popular?

Na verdade, nada mais é do que uma expressão que classifica alguém que é considerado pelos outros como chato, ou seja, que perturba, “pega no pé”, incomoda, aparece em todas as fotos, “adora” se mostrar, não “chega pra lá”, está sempre em volta e nem sempre admite que é “mala”.

A psicóloga Eliza Fortuna diz que “uma pessoa mala é aquela que está sempre buscando ser notado por outrem, ela tem a necessidade de chamar a atenção para si mesma, custe o que custar”. E justamente essa necessidade de aparecer é que faz do mala uma pessoa repudiada pelos outros, isto é, quando ela chega, muitos dizem: - Ih! Lá vem aquele chato!

O vendedor Joab Pereira Leite, por exemplo, é considerado um “chatão” pelos colegas. “Eu não estou nem aí! Perturbo mesmo. Mas não me acho tão chato assim! É que as pessoas hoje em dia não têm esportiva para brincar”, diz Joab que, durante a entrevista, não parava de fazer gracinhas!

Absoluto e relativo

Existe aquele “mala” que ganha o troféu de chato por unanimidade, é absoluto, todo mundo concorda que ele realmente irrita. Adriana, auxiliar de escritório, diz que sua vizinha é considerada “mala” absoluta, pois “pega no pé” dos moradores do prédio onde mora. “A minha vizinha de baixo é uma pessoa que amola e incomoda demais. Estes dias ela até que deu uma melhorada, mas depois volta tudo outra vez, ela reclama por qualquer coisa. Não pode ouvir um barulho que já começa a falar.”

Já o chato relativo ainda consegue agradar alguns, visto que não é considerado totalmente chato por todos. A secretária Joaíma Tomás diz que conhece uma pessoa assim. “Conheço um chato relativo, é um de nossos amigos. Nem todos o acham chato, mas ele se torna “mala” pelo fato de intrometer no serviço dos outros e dar palpites. Percebo que ele quer até ajudar, mas acaba atrapalhando, sendo algumas vezes inconveniente”. Mas por que existem pessoas consideradas “malas-sem-alça”?

Segundo a psicóloga Eliza Fortuna, muitas pessoas são consideradas “malas” porque precisam de uma identidade. “O mala se não fosse taxado como tal, não seria notado, passaria desapercebido. A pessoa assim tem a necessidade de ser vista. Precisa ser destaque, pois é uma forma que encontra para criar uma identidade e se inserir no grupo”.

Todos nós somos “malas”?

Não há dúvidas de que existe aquele dia em que não estamos emocionalmente bem. Nestas horas somos “malas”. As pessoas ao nosso redor têm que nos agüentar. Quantas vezes já não magoamos o nosso próximo com nossas chatices? Quem não colocou um som muito alto em casa e acabou recebendo a reclamação dos vizinhos? Qual a esposa já não “pegou exageradamente no pé” de seu marido e vice-versa? Quantos jovens não aprontaram na escola, “azucrinando” a vida dos professores? Quantos pais não chatearam a seus filhos um dia? E os filhos que na fase de adolescência deram muito trabalho à família? Sem contar os patrões, que tiram o dia para chatear a vida de um dos seus funcionários. Não há como escapar. Todos nós somos “malas-sem-alça” em certas ocasiões.

Filho de “mala”, “malinha” é?

As crianças também não escapam dessa classificação. Quantos já não viveram a seguinte situação: a criança vem e dá vários socos, pontapés, faz caretas para você, te chama de chato e feio, não pára de jeito nenhum. Os pais, muitas vezes, vêem essas situações e ficam rindo, achando lindo! Você então acaba apanhando da criança e não pode fazer nada, é claro! Pois cabe aos pais chamar a atenção e disciplinar os seus filhos.

Ser rotulado como chato realmente não é algo interessante! Um dos objetivos dessa matéria é justamente alertar aos nossos internautas sobre como incomodamos o nosso próximo e muitas vezes não damos conta disso. Chateamos, entristecemos as pessoas e não respeitamos o direito de cada um. É preciso parar, respirar profundamente e contar até dez antes de chatearmos alguém. Acredito que nenhum de nós gostaria de ser lembrado como “mala-sem-alça”.

Conheça algumas classificações de “malas-sem-alça”:

1- Mala pirotécnico: aquele que faz gracinhas o tempo todo, tudo para ele é festa. Faz brincadeiras do tipo: 1º de abril e conta piadas sem graça.

2- Mala do celular: conversa alto ao celular na fila de banco, em festas e até mesmo na igreja. O pastor está pregando, o celular toca e ele começa a falar, atrapalhando o “andamento” do culto e tirando a atenção das pessoas.

3- Mala eletrônico: enche a caixa de e-mails das pessoas com mensagens inconvenientes todos os dias.

4- Mala extraviada: está sempre perdido e no lugar errado, vive sobrando.

5- Mala tecla Sap: não consegue conversar sem citar uma palavra ou expressão em inglês.

6- Mala absoluto: ganha em unanimidade. Todo mundo o acha chato.

7- Mala relativo: somente alguns o acham chato.

8- Mala pidão: dá, dá, dá.

9- Mala comparativo: vive comparando as pessoas ou as situações.

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